sexta-feira, março 30, 2007

"Não existe festa sem beber"

Estava eu saindo de mais uma aula de Direito Administrativo, hoje, pela manhã, em direção ao bar em frente à Faculdade, quando ouvi alguém dizer, com, aquela voz que sugere "sou uma pessoa 'do bem', legal, e só consumo alimentos naturais" que

"Não existe festa sem beber"

Pensei um pouco sobre a frase, porque, de fato, muita gente pensa dessa forma.

Notei que, de uma forma indireta, podemos abstrair dessa suposta premissa a idéia de que não há como ser feliz conscientemente.

Não há como negar que o termo "festa" tem a si atribuída a noção de alegria e divertimento, o que pode ser ligado diretamente à felicidade.

Não é preciso ser gênio para saber que o ato de "beber" referido na frase em comento conceitua-se como o ato de ingerir bebida alcoólica até a embriaguez, o que é facilmente notado em qualquer "festa" que se vá.

Após esse breve pensamento, reparei de fato na contradição que é a idéia de felicidade no presente contexto.

Abdica-se da razão para atingir a felicidSalvar como rascunhoade de ser irracional. Abdica-se da razão para achar graça em elementos que o juízo de valor decorrente da razão não permite considerar.

Enfim... um post mais curto do que de costume, mas uma idéia que me veio à cabeça e achei interessante desenvolver um pouco.

quinta-feira, março 22, 2007

O caso do Solitário

Pra variar, em mais um momento garimpeiro do mar virtual, encontrei uma notícia que me chamou a atenção, e, mais ainda, com o trecho da entrevista que reproduzo a seguir. Para quem quiser ler a matéria inteira, clica no link do título. Um resuminho só para contextualizar: tal senhor, o dito Solitário, foi pra Goiás morrer, se deitou em uma praça e ali estava esperando a morte, mas o "Estado" não o deixou morrer, transferindo-o a um hospital, lá, ele tornou-se um mistério e mais um chamarisco para a nossa tão bem quista imprensa.

(...)

Quando os microfones miram na boca do Solitário, ele come lentamente um pedaço de pão e toma um copo de água. Finalmente, solicita com sua voz quase inaudível: “"Os senhores... podem esperar eu comer?”" Após alguns minutos, ele chama a atenção de um dos repórteres que havia feito uma pergunta sobre a sua preferência literária por Sócrates.

– Se você tivesse lido alguma coisa dele, não me perguntaria isso.
– Quem é o senhor?
– Não é necessário. Os senhores poderiam dominar um pouco a curiosidade.
– Mas é que somos jornalistas e somos curiosos.
– Há 51 dias... Minha missão terminou... Vim a Goiás pra morrer mais anonimamente e, até agora, não consegui.
– E por que o senhor tentou se matar? Desilusão?
– Na minha idade, não há desilusão. Há decisão.
Então, o repórter dispara a típica pergunta do jornalismo televisivo:
– O que o senhor gostaria de falar para as pessoas que estão lhe assistindo?
– Fracassei. Vocês me forçaram.
– Mas é que as pessoas não querem que o senhor morra.
– Que gentileza...
– O senhor acha que não existe beleza na vida?
– – A beleza é... ser racional. O ser humano precisa aprender a ser gente, porque, até agora, ele só tem uma falsa racionalidade. Se A é B, E é C, então devemos concluir que A é igual a C.

Silêncio. Ninguém entende o cálculo. Ele sorri discretamente. Enquanto todos se preocupam com a sua identidade, ele busca algo que só alguém prestes a “"desencarnar”" enxerga. Na quinta-feira 12, o estado de saúde do Solitário piorou. Em uma crise de choro, Alba comentou com ele que seu medo é ter de enterrá-lo como indigente. Ele questionou com os olhos fechados: “"Que diferença faz?"

sábado, março 17, 2007

Heil, Edir Macedo! (de pastor ao poder)

Enquanto assistimos os BBBs, lemos a "Caras" e nossos representantes políticos jogam por seus interesses de poder, a Igreja Universal do Reino de Deus constrói uma base sólida de fiéis em busca do poder ainda não anunciado. Com a promessa de felicidade ainda terrena através de um futuro médio e virtual, a IURD vem crescendo na mídia, na política e, por consequência, na sociedade brasileira e mundial.

Segundo a revista "Veja", os fiéis brasileiros já passam de 24 milhões, gerando uma arrecadação superior a 2 bilhões por ano! Que empresa em qualquer ramo fatura tanto?! Lembre-se que impostos inexistem para instituições religiosas. O agraveante maior é que este faturamento não é gerado por uma empresa que tenha um produto de boa qualidade, como a contestada Coca-Cola, por exemplo, e sim, como um serviço completamente superficial: a auto-afirmação de um indivíduo através de um pacto com Deus. Sendo mais claro, a construção de um indivíduo baseado na negação da sua individualidade.

Fica claro que a salvação nunca está em nós mesmos mas no "Reino de Deus", o qual não podemos mensurar a imensidão. Desta forma, prometendo que a infelicidade momentânea se torne uma realização no futuro, o dinheiro, tão detestado pelas crenças tradicionais, é visto com bons olhos e tem até um caráter sagrado, visto que 10 % da renda de uma família deve ser depositada na conta do pastor, em uma "caixinha" anunciada nos cultos semanais.

Com este faturamento bilionário, Edir Macedo e seus obreiros investem pesado na comunicação massiva. São donos de diversas concessões de rádio, TV e mídia impressa e seguem ampliando o leque de controle via meios de comunicação. Neles são expostos casos "reais" de pessoas que deram um chute na bundinha do capeta e atingiram um ideal de vida com Deus. Largaram a bebida, o fumo, compraram uma casa, um carro e peidam perfume.

Para você ter uma idéia do que estou dizendo, a Igreja Universal acaba de comprar os direitos do grupo gaúcho Caldas Junior. Explicarei melhor: com 2% de sua receita anual, a IURD adquiriu a segunda maior rede de comunicação do Rio Grande do Sul, responsável pela rádio e TV Guaíba e pelo tradicional jornal "Correio do Povo". Nota-se que a liberdade de imprensa é algo praticamente utópico nessas condições.

Com esse poderio midiático todo, cria-se um paradigma político muito interessante. Nossos representantes politicos começam a ter duas escolhas: para se manterem eleitos ficam em silêncio e se aliam a IURD ou passam a questionar a nova cultura de massa correndo o risco de serem destruídos pelos meios de comunicação administrados pela instituição. Provavelmente, grande parte escolherá o apoio e ficará eternamente refém da moral universalista. Os poucos que questionarão terão suas integridades fritadas na panela de pressão que é a realidade dos meios de comunicação. Isto fortalece o poder político de Edir Macedo e companhia, sempre lembrando que a cada eleição cresce o número de representantes da bancada da Universal.

Você continua achando que a Igreja Universal do Reino de Deus tem como finalidade principal ser uma instituição religiosa orientadora ou já começa a cogitar um projeto de poder não anunciado?

Percebemos que o número de fiéis assumidos passa de 28 milhões. Soma-se a isto os telespectadores, "rádio ouvintes" e leitores de seus meios de comunicação de massa. Aliados a fidelidade de voto aos representantes de tal igreja nas eleições, os 100 milhões de membros votantes no Brasil e o apoio político de nossos representantes para se manterem na vitrine. Tudo isto me leva a crer que em muito pouco tempo a IURD consegue ultrapassar os 50 milhões de votos na nossa "democracia" e conquista de vez o Brasil. Estamos prestes a ver mais uma ditadura, construída sob forte influência na identidade dos brasileiros, tendo na comunicação um aliado para mascarar os reais anseios de uma instituição ideológica baseada no pensamento primário da cultura homogênea para controlar os ânimos da sociedade, cultivando o Deus punitivo e salvador que tudo vê e está em todos os lugares para consolidar-se no poder. Um plano perfeito, digno de filme e que só atesta a falta de consciência de nossa sociedade.

Pra finalizar, um recadinho do nosso futuro gestor:
"Na força do espírito de Deus vamos vencer. O mundo ocidental, a África, a Ásia, o comunismo e o islamismo precisam ser ganhos para o Reino de Deus". Edir Macedo, principal ideólogo da universal.

segunda-feira, março 12, 2007

Homem Primata! Capitalismo Selvagem! Ô-Ô-Ô!!


Nesse final de semana que passou, em um momento daqueles que você quer, desesperadamente, preencher o vazio com alguma leitura que te faça pensar e refletir, encontrei, no blog do meu primo ( projetorequiem.blogspot.com ), um confronto que ele utilizou dentro de um contexto próprio, mas que, para mim, há muito é instigante em um sentido amplo; lá, ele fazia uma analogia aos homens: Bárbaros X Cavalheiros.

Não sei se você, prezado leitor, já parou para se questionar se o ser humano é um animal ou um ser atípico, ou, para alguns, social. Se você, após refletir brevemente, concorda que somos animais, então és meu parceiro em admitir o caos em que vivemos! Admitindo-se uma natureza animal (e que para mim é a natural), devemos admitir ações típicas de animais, devemos admitir a influência dos hormônios, da comida, da competição, de tudo o que envolve esse reino bárbaro, nos dois sentidos da palavra.

Agora, para você que acha que o homem é um ser social, por ser “racional”, pensante, e blá blá blá, pergunto: somos superiores, como seres sociais, aos animais?

Ao viajar de avião e olhar pela janela aquele aglomerado de coisas cinzentas, que nós, seres sociais, chamamos de cidade, em contraste com a imensidão do céu, com as formas indescritíveis das nuvens e com o verde extenso do terreno, tive a nítida certeza de que, enquanto seres sociais, somos estranhos a esse mundo, como um vírus, como um colorado na geral do Grêmio. É estranho esse ser social, que é tudo! Menos social.

Bem, o que eu quis com esse pequeno texto, muito mais do que expressar minha opinião acerca do fato, é suscitar uma discussão para que sejam apresentadas visões diferentes e argumentos que possam me convencer, e aos outros que leiam, do que realmente é o homem.

É por isso que eu engrosso o coro na hora do ô-ô-ô! Homem primata...

segunda-feira, março 05, 2007

Eu sempre desconfiei...

Pessoal,
felizmente, ao receber um newsletter que, aparentemente, só versava sobre assuntos entediantes do mundo do direito, li, com muita surpresa, um artigo que questiona a votação eletrônica no Brasil e a tão bem quista democracia brasileira. Indico, para quem puder, ler tal artigo. Não é extenso, e nos deixa com aquela pulga atrás da orelha.
Abraços