Índio quer apito e uma guitarra elétrica
Estava eu dando aquela viajada na internet, quando vejo a referência a uma entrevista. A entrevista a que me refiro foi realizada com a advogada que se orgulha de ser a primeira mulher indígena a credenciar-se na Ordem dos Advogados do Brasil, Joênia Batista de Carvalho, também conhecida como Joênia Wapichana, uma referência à tribo da qual é oriunda.
Eu tive o desgosto de assistir a uma palestra sua, na época em que eu estava no segundo grau. Das poucas e más lembranças que tenho, destaco que achei de extrema impertinência a ideologia pregada pela palestrante.
Joênia achava um absurdo os europeus haverem imposto sua força sobre os índios, mas orgulhava-se da rivalidade entre tribos - e aqui referia a imposição de força também, bem como vitórias em guerras - pelo simples fato de serem diferentes. Não que eu concorde com a imposição européia sobre a população indígena, mas coerência é algo que entendo por imprescindível.
Afirmou, ainda, que os “brancos”, descendentes de europeus no Brasil, eram a escória da humanidade, uma vez que eram apenas os rejeitados nos países colonizadores.
Eu bem me lembro do estudo da história, tanto no segundo grau quanto no curso de Direito, que o Brasil já foi uma espécie de “armazém de criminosos”. Em determinada época, mais próxima à colonização brasileira, quem cometesse determinados tipos de crime seria enviado à África. Quem cometesse crimes mais graves, ao Brasil.
O que não se pode admitir é a compreensão do Brasil como um eterno cárcere europeu. Isso é menos ainda admitido quando tratamos de alguém que estudou, ou deveria ter estudado, a composição do Estado brasileiro. Lembro que, nesse momento da palestra/discurso, as freiras da escola, invariavelmente portadoras de sobrenomes alemães, aplaudiam incondicionalmente.
Após essa breve narração de fatos, o que quero dizer é que os índios – frize-se: não em sua generalidade, mas em alguns expoentes – se recusam a compreender a diferença entre os diversos grupos étnicos que compuseram o Brasil, agindo com o mesmo sentimento de generalidade que reclamam ser-lhes imputado.
Na verdade, o objeto de minha irresignação é o fato de que, com base na injustiça causada aos povos indígenas, os índios atualmente projetem o parasitismo. Grandes discussões são levadas adiante em relação à demarcação das reservas indígenas, mas intenta-se levar hospitais, educação, energia elétrica e mais uma série de aparatos comuns a esse “homem branco” cujos atos a população indígena não aprecia.
Ou seja, propaga-se a idéia de que é preciso levar fármacos às reservas, mas deseja-se que a população indígena viva em um meio livre de indústrias de remédios; de que é preciso dar energia elétrica a fim de garantir a dignidade dessas pessoas, mas não se admite a construção de usinas nas regiões reservadas.
Não estou dizendo que acabar com o meio-ambiente para instalar indústrias é uma idéia correta, mas que não se pode admitir que qualquer indivíduo que seja pretenda absorver apenas os benefícios de uma determinada sociedade. Isso seria uma forma de parasitismo absoluta.
Menos ainda sou contrário às reservas indígenas. Se há quem queira viver de maneira rústica, que seu desejo seja respeitado. A vida social nos moldes atuais é merecedora de reformas.
Certa vez, vi o Ratinho (sim, faz parte da cultura massificada, e blá, blá, blá...) afirmando algo que achei legal, e que vai ao encontro do que estou dizendo agora. Se não quer poluição, que não tenha veículos. Se não quer indústrias, que não tenha remédios. Índio, como etnia racial, deve ser respeitado, assim como o negro, o asiático, o pardo e qualquer outro. Mas índio que quer viver como índio deve viver alheio aos benefícios e malefícios da sociedade dita civilizada.
Reitero que não sou favorável à poluição, e acho que é ótimo encontrar maneiras de promoção do progresso com menos lesões ao ambiente, mas, enquanto temos certas relações de causa-consequência, devemos arcar com ambos os elementos.
E fazer juízo de valor!!!
Sou extremista? Depende do padrão de análise.
1 Comments:
Carissima,
VC tem o direito de pensar e se expressar, o que podemos desejar é que procure entender melhor nossa opiniao qto indigenas hoje. Não somos uma cultura estagnada, mas o principio de nosso discurso é não impor como se nós não tivemos opinião, se deixar construir usina hidreletricas em terras indigenas sem o devido consentimento é parasitismo, não haveria outra alternativa pra nao ficarmos doentes, o que faz a população de roraima qdo politicos pregam o preconceito contra os indios---nada! O que falo não é parasitimos é o direito constitucional, sobre orgulham de briga de tribos, deve estar equivocada, não posso, o que comento é a oposição de duas organizações CIR e SODIUR, totalmente diferentes e pelo que conheço falo sobre fatos. OK? Joenia
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