Quem nunca brincou de vivo ou morto?
Acreditar no paraíso e viver fugindo da morte é uma das maiores contradições que conheço. Eu, que não consigo acreditar em suposições, devia estar me cagando de medo em todas as esquinas.
Sempre me perguntei sobre quem acha que vai para o céu e sobre o porquê de não se mandar agora mesmo! Ao invés de pegar a BR 101 lotada no final de semana pode pegar o caminho do paraíso no pós-morte. Creio que esse pensamento é uma mera alusão a uma vida embasada em sobreviver, que antes do paraíso acredita na terra como um lugar para a penitência e não em um lugar onde possamos evoluir como seres humanos e transformar nossas realidades ao ponto de conseguirmos formar um paraíso ainda em vida. Este raciocínio limitado criou alguns mandamentos, entre eles cito:
1) Não poderás morrer
2) Chorarás quando outro alguém morrer
3) Viverás sofrendo mas nunca se matará
Sim, eles acreditam no paraíso!
É bacana divagar sobre a morte e as visões do senso comum a respeito dela. Talvez seja a única coisa que seja incerta e certa ao mesmo tempo. Incerta por não se poder comprovar o que vem depois e certa por que todo mundo morre de alguma forma. Cito agora o que Charles Bukowski falou sobre a própria morte, a visão mais natural que encontrei até hoje: "Levo a morte em meu bolso esquerdo. Às vezes, tiro-a do bolso e falo com ela: oi gata, como vai? Quando virá me buscar? Vou estar pronto...". Sem palavras...
1 Comments:
Cara, a morte é um evento que acabou sendo transformado em forma de controle. A visão que se tem dela é uma forma de evitar que as pessoas cometam excessos em vida, ou seja, que a vida seja pautada sobre determinadas convenções, que teoricamente levariam a um pós-morte satisfatório para o indivíduo.
Além disso, como eu costumo dizer, a morte é o purgatório humano. Basta morrer para virar santo. Uma contradição e tanto, uma vez que somos considerados "livres", mas se alguém usa sua liberdade para matar alguém, esse alguém que foi morto teria morrido porque "cumpriu a sua missão" na Terra, e por isso seria digno de respeito por parte dos que permanecem vivos.
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