domingo, dezembro 24, 2006

Quando os adultos acreditam em Papai Noel... (ou o desenvolvimento da fantasia através da fantasia do desenvolvimento)

Todo final de ano é a mesma coisa. As pessoas se reúnem, compram presentes, sorriem, comem perú, acreditam na mística, vêem o Roberto Carlos na tv (cantando funk inclusive!) e bebem espumante. Fazem tudo isso e muito mais sem saber o sentido da própria vida e de suas respectivas atitudes, repetindo os mesmos erros anualmente, comemorando o mesmo ano há 10, 15 ou 50 anos. Felizes? Não sei, acho que sorridentes e vazios é mais adequado. Ratos de laboratório comendo lentilha para ficarem ricos (mesmo que não tirem a bunda do sofá para produzir), pulando ondas para terem sorte (já que competência nunca terão), falando feliz natal em uma festa com decoração budista ao som de "se ela dança, eu danço". Talvez estes sejam os mesmos que acreditavam em contos de fada e no papai noel quando pequenos.

As fantasias retardam e muitas vezes impedem que o lado racional seja desenvolvido. O que estamos acostumados a ver são seres humanos acreditando em coelinho da páscoa quando nascem e no paraíso no final da vida, ou seja, a idade disfarçando um mesmo conceito cuja única mudança é o apelo motivacional. Passam do papai noel para a catequese, da catequese para a crença de que o deus todo poderoso mudará sua vida, de deus todo poderoso para a eleição de quatro em quatro anos e na chamada "esperança na novidade" e para todas as baboseiras descritas anteriormente.

E assim, a vida da criancinha que acredita em papai noel acaba sendo uma falácia e a realidade se perde na ilusão junto com seus valores e sua personalidade.

FIM

5 Comments:

At domingo, dezembro 24, 2006, Anonymous Anônimo said...

ah, eu pulo onda quando eu tô na praia. Mas é que é refrescante, principalmente no calorão de janeiro! hehehehe
E tem o esquema de começar com o pé direito. É baita lenda! Começo sempre com o esquerda, por "azar", e nunca muda nada. hhehehe

 
At terça-feira, dezembro 26, 2006, Blogger Gustavo said...

Cara, quanto às fantasias, seguindo ainda um pouco a discussão sobre o tema, eu, sinceramente, após bastante reflexão, não vejo grandes problemas nisso, até porque a fantasia vem da imaginação, e desde que a imaginação seja própria, acho de muito valia, pois, querendo ou não, a imaginação é um "poder" da mente.

O que me preocupa na fantasia, então, é o fato de que a maioria das pessoas vive a fantasia dos outros, quase sempre sem o sentido que aquela fantasia possuía, e, o que é pior ainda, é que impõe aos seus filhos e seus conhecidos que eles vivam a mesma fantasia, mas sem nem tocar no sentido original da criação daquela fantasia.

Por exemplo, se tu é católico, e se tu acredita no Natal e tal, não vejo problema em tu querer presentar teu filho com a mente consciente de que o presente simboliza a "comemoração" do nascimento de Jesus, e que tu passe isso para o teu filho também. Inserido nesse contexto, não há como julgar se é certo ou errado, pois é fruto da visão de vida que aquele sujeito possui.

Agora o que eu acho errado, e aí acredito que pode recair sim juízos de valores, é um pai cristão dar, de Natal, um boneco ultra-destruídor com milhares de armas atômicas! É uma puta contradição tu comemorar o nascimento do salvador, do homem que veio trazer a paz, dando um presente com esse significado. Também é errado, a meu ver, qualquer outra fuga da simbologia original ou de uma simbologia própria.

É isso, dentro de um contexto criado pela própria pessoa, ou em um contexto em que ela acredita piamente no que faz, não vejo problema em dar 7 pulo, dar 7 tapinha na bunda da sogra ou qualquer outra coisa do tipo. O problema é ignorar o sentido disso, ou não acreditar e fazer mesmo assim, pois é uma traição consigo mesmo e uma puta falsidade com quem acredita.

Só não me venha perguntar em que eu acredito... ainda não criei minha fantasia para viver!

 
At quinta-feira, dezembro 28, 2006, Blogger Rafael said...

Não tenho nada contra a criação de enredos para a própria vida desde que estes tenham como base algo mais cabível do que uma imposição externa através da convenção.

O que acontece atualmente é a venda de idéias sem explicações lógicas e sustentadas pelo senso comum. Pais passam para os filhos algo que não acreditam formando, desde cedo, seres manipuláveis que vêem o natal como sinônimo de presentes, as relações sociais como obrigação, a fofoca como notícia...

Assim, nega-se a essência dos fatos. Pior, descarta-se o motivo de um acontecimento. Se tudo tivesse um sentido não teria problema algum.

 
At quinta-feira, dezembro 28, 2006, Blogger Álvaro Borges said...

Olá amigo blogueiro!

Acho que tudo acaba caindo no velho mito da caverna de Platão (http://br.geocities.com/perseuscm/mitodacaverna.html). Por incrível que pareça, essas contradições nós não conseguimos ver e esse, em particular, é um grande medo meu: Se percebo muitos erros e contradições nas atitudes dos outros, quantos eu não cometo sem querer?

Sobre o texto do aniversário, realmente o fato de ter nascido há alguns ciclos do sol. Não há lógica real nisso, mas admito que comemoro, pois é um dia que é mais fácil reunir todos de quem gostamos.

abr@ços

Elloc

 
At quinta-feira, dezembro 28, 2006, Blogger Leonardo Croatan said...

O Mito da Caverna seria interessante se não partisse de uma premissa da qual discordo, e que acaba por alicerçar toda a tese construída por Platão.

O Mito da Caverna tem nos indivíduos isolados uma concepção absurda - na minha opinião - uma vez que em momento algum Platão sugere a hipótese de questionamentos direcionados a quem viesse de fora da caverna.

Assim, o homem idealizado no exemplo da caverna é estanque mentalmente, e sequer indaga os fatos a ele narrados.

Imaginemos que um ser humano conseguisse chegar a outro planeta e lá encontrasse seres não humanos e incomuns no planeta Terra. Se esse humano retornasse à Terra contando sobre a vida e a atmosfera extraterrestre, suporíamos, de acordo com a tendência platonista, que tais fatos são impossíveis, uma vez que alheios ao que conhecemos.

Porém, o outro homem que julgo ideal é aquele que percebe os fatos através dos meios que lhe são possíveis e faz juízo crítico de valor acerca desses fatos. O homem da caverna é - repito - estanque e não permite mudança de seu ponto de vista através dos fatos ou dos indícios de fatos.

O homem deve crescer de acordo com os elementos que lhe são apresentados em sua existência, e é no juízo crítico e na capacidade racional da análise que esses elementos serão filtrados e resultarão em convicções.

Abraços a todos (com o PC consertado, voltei à postagem)

 

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