terça-feira, novembro 14, 2006

Tenha uma vida digna meu filho, como mamãe te ensinou...

O despertador ao lado da cama bate seis e quarenta e cinco. Tenho mais seis minutos para ficar deitado sem nenhum objetivo até ter o ímpeto de levantar e botar uma roupa. Mais um dia. Trabalho, casa e cama. Sempre me perguntei se a liberdade realmente existe pois sigo a mesma rotina há algum tempo e o costume acaba me forçando a recriá-la diariamente. Não vou reclamar, meu trabalho é bacana, eu gosto de lidar com pessoas. Minha casa é aconchegante e minha cama eu nunca parei para analisar já que é difícil pensar com o sono que chego após um dia inteiro de trabalho e vagabundagem. Sempre penso sobre o ser livre mesmo assim, não consigo evitar.

Começo minha caminhada até a parada de ônibus e me pergunto “por que fazer isso novamente?”. Na parada as mesmas pessoas, um careca alto indo pro colégio, um anão de terno que deve trabalhar em algum lugar fora do centro da cidade, uma mulher gorda e mal cuidada que insiste em usar camisetas curtas para que todos vejam sua imensa banha balançar e três amigos falando de futebol. Nunca falei com nenhum deles mas os considero parte da minha rotina pela identificação de horário e local que eles tem comigo. De fato, temos algo em comum.

Na viagem, que dura bons trinta minutos, coloco uma trilha sonora para o dia no meu tocador de mp3. Aliás, este foi um dos investimentos mais lucrativos que fiz. Com algo que me agrada a escutar posso ignorar as conversas banais e até a banha da gorda balançando (ela sempre faz questão de pegar o mesmo ônibus). A ida é sempre de pé, não posso nem ler algum livro da Ayn Rand ou do Bukovisk, o tempo cultural do dia normalmente é escasso.

Mais um dia igual. Sem lembrança, sem relevância. O mesmo dia dos meus últimos meses. Até que chega a outra manhã. São seis e quarenta e cinco, tenho mais alguns minutos para ficar acordado sem nenhum objetivo...

3 Comments:

At terça-feira, novembro 14, 2006, Blogger Gustavo said...

Ah, e não esquece que no final de semana tu TEM que ir no aniversário daquela tia lá em Canoas. Vai ir todo mundo. Ela vai gostar tanto se tu for...

Ainda escreverei algo sobre as relações familiares...

 
At quarta-feira, novembro 15, 2006, Blogger Rafael said...

O fim de semana da rotina média será um dos meus próximos textos. Incluirei o aniversário da tia, a missa de domingo e o churrasco na casa da prima da sobrinha de uma amiga da minha mãe.

 
At quinta-feira, novembro 16, 2006, Blogger Leonardo Croatan said...

É o que eu já vinha dizendo: tudo nessa vida sempre vira rotina.

O grande objetivo do ser humano é não se submeter a esse cotidiano rotineiro. Deve-se agir com propósitos definidos, e se os atos são iguais aos do dia anterior, que assim sejam, desde que continuem a perseguir um objetivo delineado pelo próprio agente.

E quando não mais houver alvos par aqueles atos, que sejam eles trocados por atos correspondentes à finalidade que se intenta ver atingida.

 

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