Justificativas para se votar em quem odeiam
É incrível como parece absurdo ter opinião própria diferente da opinião (opinião???) da maioria. Do mesmo modo que, no primeiro turno, eu defendi o voto nulo, agora defendo o voto nos “corruptos”. Se vivemos na tal de democracia, por que não ter opiniões divergentes?
Qual era a crítica que se fazia a quem iria votar em branco ou anular seu voto? Chamavam eles de medrosos, de pouca personalidade e até os rotulavam de não possuidores de opinião própria. Que engraçado isso, queremos a democracia, queremos todos felizes, queremos respeitar o indivíduo, mas desde que ele pense que nem eu!
A opção em votar em branco ou nulo era tão democrática quanto a opção em votar em tantos candidatos que eram maravilhosos (e idênticos!!!) em seus discursos, grandes salvadores da nação, palavratórios que se repetem há anos e, talvez por isso, tenha perdido sentido.
Não é apologia a partido, a candidato ou algum tipo de imposição de idéia. Só quero refletir, nem que seja comigo mesmo, sobre as inúmeras e cotidianas falácias que escutamos, a areia movediça em que pisamos, o vácuo que respiramos e o vazio que comemos.
E agora, no segundo turno, será que eu não posso desejar mais 4 anos de corrupção, se assim é o argumento de quem pretende votar no Geraldo? Ou melhor, que tal eu desejar ser “mandado” por alguém que não tem curso superior? Ou pior, ser “chefiado” por um deficiente físico!!! Ah sim, eu não sou democrático e não acredito na democracia, vocês acreditam?
Pois bem, a convicção íntima hoje em dia poderia ser chamada de convicção propagandística, ou convicção que-merda-esse-horário-político-obrigatório. De modo imparcial, se forem analisados os argumentos dos dois pólos, é melhor mesmo votar em branco, pois a acusação é mútua, os dois lados são ruins, segundo o que o adversário propõe, ou, o que é mais benéfico ao nosso país, os dois candidatos são exemplos de competência, como eles próprios admitem.
Basta, para se votar, ter opinião própria, e, para isso, é mister que se tenha valores próprios, sustentáculos morais pessoais que não se deixam derrubar por qualquer vento em que as palavras têm o mesmo peso que plumas ao balanço do constante minuano.
3 Comments:
Apenas para completar com mais um dado: se realmente estamos em um regime democrático por que somos OBRIGADOS a votar? Sempre me perguntei isto. Se eu não concordar com as opções válidas ou com as condições homogêneas da atual democracia o que me impede de justificar meu voto sendo honesto: Não concordo com essa palhaçada, os candidatos são todos iguais e o meu voto racional equivale ao de outra pessoa que achou um número de candidato no chão e digitou. Para justificar tenho que mentir que não pude votar por estar em outra cidade ou inventar uma doença grave qualquer. Falta honestidade na definição de democracia e na hora de se abster, ou seja, no principio e no fim do pleito. Creio que os conceitos de liberdade e obrigação mais uma vez são confundidos.
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Pois é, essa complementação é bem pertinente. A democracia é tão ampla e concede tanta liberdade que não se pode deixar de fazer parte dela.
Parece absurdo, mas aceitar tal idéia seria partir da premissa de que a democracia é a grande entidade responsável pela liberdade, e que fora dela não há como ser tão livre quanto se pode ser uma vez inserido. Assim, como guardiã da liberdade, a democracia obriga-nos a fazer parte dela, independente de qualquer convicção que porventura tenhamos, coo medida protetiva de nosso direito de sermos livres.
Seria, também, como espancar um indivíduo para evitar que o mesmo se machuque.
Liberdade fundida com obrigação...
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